sábado, 3 de abril de 2010

Sugestão Cinematográfica


A película QUERÔ dirigida por Carlos Cortez e baseado na obra de Plínio Marcos apresenta a realidade de um adolescente da baixada santista que desde o dia do seu nascimento esteve às margens da sociedade. Filho de uma prostituta que padece após ingerir querosene, o menino recebe o apelido de Querô. A trama dimensiona a realidade de muitos jovens brasileiros que tem os seus sonhos interrompidos pelas condições sociais no qual se encontram, marginalizados e sem chance de construir uma vida digna, nesse pano de fundo o jovem Querô é detido e passa a conhecer as estruturas perversas do sistema carcerário juvenil do Estado de São Paulo conhecida como FEBEM, hoje denominada de fundação CASA.

O cotidiano do adolescente nos faz refletir sobre uma realidade que é vista pela sociedade e ignorada, as políticas públicas que teoricamente ajudaria a sanar os problemas são ineficazes e esbarram na burocracia e corrupção, o tráfico de drogas exerce um poder paralelo sobre a juventude e o Crack termina por sepultar muitas vidas que nem sequer tiveram tempo de se desenvolver.

Evidentemente o problema é estrutural e está arraigado em um processo histórico que tem início desde a chegada dos portugueses com a espoliação das riquezas naturais, com o açoite aos negros no período imperial, com a baixa remuneração aos imigrantes nas lavouras de café no início da república, com o êxodo rural provocado por latifúndios e grilagem de terras e do desenfreado processo de urbanização a partir do desenvolvimento tardio das indústrias, das políticas de favorecimento as elites oligárquicas atualmente do capital financeiro orquestradas pelos governos brasileiros durante o século XX. Todos esses elementos citados acima refletem de alguma maneira o que vem a ser a estrutura econômica, política e social do Brasil atual, carregamos o estigma do subdesenvolvimento, recentemente fomos elevados ao título de país emergente, mais ainda nos encontramos nos corredores das emergências do Sistema Único de Saúde de uma metrópole ou de um vilarejo nos confins do Mato Grosso.
Todas essas reflexões nos fazem perceber que as estruturas estatais brasileiras estão falidas e sucateadas, haja vista os sistemas educacional, penitenciário, judiciário, saúde, legislativo, deixando a sensação de desamparo geral e as pessoas que mais sentem na pele esse abandono se encontram nas periferias.

Vivemos em um período onde a individualidade superou a coletividade, o “EU” se faz mais presente, gerando um grande coro: “o que é que eu tenho a ver com isso?”

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